segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Terá havido mudança positiva no Ensino...?

Foi num ambiente festivo que o Primeiro Ministro e a Ministra da Educação apresentaram, na Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa, os bons resultados, em termos de uma considerável redução no abandono escolar e no insucesso, no ano lectivo transacto.

É, no entanto, legítima a questão, se terá havido, de facto, uma mudança positiva na Educação ou, se estaremos, simplesmente, perante um perigoso facilitismo, traduzido por uma drástica simplificação de conteúdos programáticos e uma quase ausência de rigor e exigência na avaliação dos alunos, imposta pela tutela, na Escola Pública, com vista à obtenção de bonitas estatísticas, para apresentar na UE!!
Os Docentes sabem bem, quanta burocracia, quantos relatórios e quanta papelada têm de preencher, para “ reter ” um aluno!

A ideia, incontornável, de um demagógico facilitismo na Escola Pública, não é, pois, um insulto aos professores, como afirmou o Primeiro Ministro. É uma realidade!

Insulto, foram os rasgados e inusitados elogios, agora tecidos aos Professores, a um mês de eleições, depois de quatro longos anos de calvário, vividos sob uma intolerável pressão da tutela e a ser, por ela, continuamente, desvarolizados, desconsiderados e desautorizados!
Sabemos que não foi possível à Ministra da Educação, ter feito qualquer mudança positiva na Escola, depois de, como afirmou, para ganhar a opinião pública, ter perdido os Professores, precisamente, os principais agentes de Ensino!

MC

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Assim... uma espécie de Ramadão...

O Ramadão, o nono mês do calendário islâmico, começou, com a entrada da Lua, na fase de lua nova e é um dos cinco pilares do Islão.
Este é, para os islamitas, um mês santo, uma época de espiritualidade viva , de recolhimento e de profunda reflexão.

Precisávamos todos, nestes dias de turbulência, de um tempo assim, uma espécie de Ramadão, dedicado, ao nosso mundo interior.
Nesse tempo de auto-conhecimento, os nossos políticos, no geral, e os nossos governantes, em particular, poderiam e deveriam fazer uma profunda reflexão sobre o estado da Nação!

Os senhores detentores do poder deveriam, humildemente, reflectir sobre as esplendorosas promessas que agitam, sedutoras, como bandeiras de vitória mas que, sabem-no bem, são impossíveis de cumprir; deveriam debruçar a sua atenção, sobre a Escola Pública, ferida de morte pelo facilitismo, sobre a fraude que é o programa “Novas Oportunidades” e sobre o engano que são os Cursos Tecnológicos; deveriam, arrependidos, penitenciar-se pelo desastre que é o Serviço Nacional de Saúde, que tem vindo a ser, paulatinamente, destruído; deveriam pedir perdão pelo caos que grassa na Justiça, enfraquecida e descredibilizada pela montanha de processos que se arrastam pelos Tribunais e pela voragem de legislação, mal feita ou, feita sob medida; deveriam lamentar, amargamente, os milhões de Euros desbaratados e gastos em projectos, em seguida, postos de lado, para as obras públicas megalómanas, do nosso endividamento!

Num tempo assim, de auto-disciplina, de respeito e de serenidade, os nossos governantes deveriam, também, fazer uma profunda reflexão sobre o nepotismo, a corrupção, os favorecimentos ilícitos, as mentiras descaradas, os exílios dourados, já destinados a ex-membros do governo e as reformas de luxo de tantos!

Nessa espécie de santo Ramadão, quem nos governa deveria, ainda, reflectir sobre o ousado vitupério que é o auto-elogio, especialmente, perante a calamidade do desemprego galopante, das falências em catadupa, da miséria em crescendo, no país, e da vergonha e do desencanto de um povo cada vez mais pobre, cada vez mais triste mas, também, cada vez mais passivo e apático! Talvez, porque já nada pareça valer a pena!

No período conturbado e ruidoso de eleições que se aproxima, mesmo só uns laivos do espírito introspectivo, calmo, generoso do Ramadão, seriam altamente benéficos para o nosso cansaço!

MC
( Não publicado no JN! Obviamente!!)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A Justiça está uma velha decrépita!

A pujante representação da Justiça, uma mulher altiva, que impõe respeito, com os olhos vendados para se manter imparcial e longe de compadrios e da corrupção e apoiada à espada, para bem julgar, é, hoje, uma velha decrépita, a venda meio-arrancada, que, perdida a altivez, se arrasta, claudicando, servindo-lhe de apoio, a espada romba!
Uma Justiça envelhecida, que suscita dúvidas!

Imersa numa vertigem de legislação, a Justiça enfraquece e perde credibilidade!
Hoje, quem legisla, deixou, em muitas circunstâncias, de criar leis gerais e abstractas para, por via de influências, passar a legislar, com vista a casos concretos, tendo, como objectivo, as políticas de interesse!
O legislador esclarecido, imparcial e experiente, foi sendo afastado pelo jovem politicamente comprometido, arrogante e pouco habilitado. A título de exemplo, note-se que o Regulamento de Custas, depois de publicado, foi sujeito a três alterações, antes da sua entrada em vigor!

No geral, os juízes não merecem ser tratados com a arrogância destes últimos anos! Cumprem a sua missão de aplicadores da justiça, embora, nem sempre sigam a cartilha que lhes é imposta, p. exp, no que diz respeito ao princípio de “Continuidade de Audiência”, ( a não interrupção do processo em curso, admitindo, pelo meio, outros processos, ficando aquele suspenso, por ser considerado mais complicado ou, simplesmente, por gestão deficitária), princípio que, a não ser observado, é uma das fortes razões para que os processos se arrastem, anos e anos, pelos tribunais, para desespero de quem a eles recorre!

Os advogados são cada vez mais, não se especializam e procuram, na lei, soluções para os seus variados casos, sem saberem, muitas vezes, onde as encontrar, dado o disparo legislativo e a formação duvidosa que lhes é ministrada, no estágio.

Os funcionários judiciais, atolados em processos e confinados a cubículos, são continuamente surpreendidos por alterações informáticas, e pela complexa avalancha de leis, sobre as quais, não lhes é dada formação adequada, que lhes permita cumprir, cabalmente, as suas funções.

A Justiça está mergulhada numa profunda crise e necessita urgentemente, de uma reforma que, não se compadecendo com os “facilitismos” do simplex, tem de ser feita com inteligência, saber, rigor e responsabilidade!

MC

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Choveram promessas, no CCB...

Na noite de quarta-feira passada, não choveu prata mas, choveram promessas, no CCB! Sócrates apresentou o seu Programa Eleitoral, com os olhos postos numa vitória, com maioria absoluta!Que não interessa, de modo nenhum, ao país!

Sócrates que, em quatro anos, não conseguiu mudar estruturalmente o país e não cumpriu as grandiosas promessas, feitas em 2005, deixa um povo mais pobre, deprimido e farto de ser tratado com arrogância e, em muitas áreas, mesmo em acesa convulsão!

Não choveu prata na noite de quarta-feira, no CCB, mas choveram promessas de uma vida melhor e mais fácil para todos, promessas vagas, e algumas, demagógicas, como os 200 Euros oferecidos aos bebés que nasçam a partir de agora, com um nome demasiado pomposo, para a ridícula quantia, “Conta Poupança – Futuro”, embora tudo indique que, em 2010, a recessão deva continuar, que o pior esteja ainda para vir, em termos sociais e de desemprego e que o défice possa atingir entre 6% a 7%!

Sem reformas reais, num país no limiar da pobreza e imerso num profundo cansaço , Sócrates tenta, desesperadamente, ganhar votos, acenando com a defesa do Estado Social, sem que o Estado tenha dinheiro para suportar as várias medidas de ordem social, que anunciou! Prometeu não desistir da concretização das grandes obras, nomeadamente, do TGV, uma teimosia megalómana que, na opinião de muitos observadores, irá levar o país à ruína!

Enredado no torvelinho das suas promessas, em que já ninguém acredita, Sócrates não falou, concretamente, no essencial: como sair da crise e, depois, como controlar o défice orçamental público!
Era isso que devia constar, no seu Programa Eleitoral! De promessas está o Inferno cheio! E, o país também...

MC