"Os olhos do meu cão enternecem-me. Em que rosto humano, num outro mundo, vi eu já estes olhos de veludo doirado, de cantos ligeiramente macerados, com este mesmo olhar pueril e grave, entre interrogativo e ansioso?"
“O olhar dum bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano. Há lá dentro uma alma que quer falar e não pode, princesa encantada por qualquer fada má. Num grande esforço de compreensão, debruço-me, mergulho os meus olhos nos olhos do meu cão: tu que quere...s? E os olhos respondem-me e eu não entendo…Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar!
Afinal…de que tendes vós orgulho, ó gentes?”
Florbela Espanca
Os olhos das minhas cadelas também me surpreendem e também me comovem profundamente, porque vejo neles, vejo sempre neles, a Humanidade que, estranhamente, não encontro nos olhos frios, indiferentes de muitos seres humanos.
Ao contrário de Florbela, quando me debruço e mergulho os meus olhos nos olhos das minhas cadelas, pressinto-lhes a alma e entendo a linguagem muda, inocente e meiga, mas expressiva, dos seus olhos. Como elas me entendem a mim e sabem quando estou feliz, quando estou triste, quando estou zangada. Não têm voz, mas exprimem-se! Sem palavras, com o olhar.
Uma noite em que uma das minhas patudinhas esteve muito doente, no auge da aflição e do sofrimento, ela fincou os olhos no meu rosto e chorou. E, as lágrimas dela, pérolas líquidas, perfeitas, cristalinas, misturaram-se, iguaizinhas, com as minhas.
Foi um momento dolorosamente intenso, mas precioso: o encontro da alma de um ser humano, com a alma de um "bicho".
Quando melhorou, emocionei-me profundamente com aquele seu "olhar pueril e grave, entre interrogativo e ansioso". E também cheio de amor.
Um olhar tão maravilhosamente dela!!
Tão maravilhosamente de todos os cães do mundo!
MC
“O olhar dum bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano. Há lá dentro uma alma que quer falar e não pode, princesa encantada por qualquer fada má. Num grande esforço de compreensão, debruço-me, mergulho os meus olhos nos olhos do meu cão: tu que quere...s? E os olhos respondem-me e eu não entendo…Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar!
Afinal…de que tendes vós orgulho, ó gentes?”
Florbela Espanca
Os olhos das minhas cadelas também me surpreendem e também me comovem profundamente, porque vejo neles, vejo sempre neles, a Humanidade que, estranhamente, não encontro nos olhos frios, indiferentes de muitos seres humanos.
Ao contrário de Florbela, quando me debruço e mergulho os meus olhos nos olhos das minhas cadelas, pressinto-lhes a alma e entendo a linguagem muda, inocente e meiga, mas expressiva, dos seus olhos. Como elas me entendem a mim e sabem quando estou feliz, quando estou triste, quando estou zangada. Não têm voz, mas exprimem-se! Sem palavras, com o olhar.
Uma noite em que uma das minhas patudinhas esteve muito doente, no auge da aflição e do sofrimento, ela fincou os olhos no meu rosto e chorou. E, as lágrimas dela, pérolas líquidas, perfeitas, cristalinas, misturaram-se, iguaizinhas, com as minhas.
Foi um momento dolorosamente intenso, mas precioso: o encontro da alma de um ser humano, com a alma de um "bicho".
Quando melhorou, emocionei-me profundamente com aquele seu "olhar pueril e grave, entre interrogativo e ansioso". E também cheio de amor.
Um olhar tão maravilhosamente dela!!
Tão maravilhosamente de todos os cães do mundo!
MC