quinta-feira, 19 de junho de 2008

Obviamente ...demitir-se

A Ministra da Educação deu, a semana passada, uma entrevista à TVI, no
Programa "Cartas na mesa", conduzido pela jornalista Constança Cunha e Sá.
A Ministra dissertou, como quis e lhe convinha, essencialmente, sobre três
pontos do polémico Estatuto do Aluno que, verdade seja dita, é uma resenha
de patético facilitismo e um doce aconchego para os "frágeis e melancólicos"
jovens que infestam, diariamente, as escolas, com insultos, roubos e
agressões!
Os três pontos em questão foram: as faltas que, realmente, não contam para
nada; os exames que a senhora não valoriza e as retenções que não aceita, na
medida em que, (ao que isto chegou!), aluno que não transite de ano, não é
aluno rentável e, por último, o facto de a escolha da Escola estar reduzida
a dois parâmetros: a área de residência e a de emprego dos pais.
Quem nos entrou, nessa noite, em casa, foi uma Ministra que, com o esboço
de um sorriso vazio, não pôs, efectivamente, as cartas na mesa, limitando-se
a defender, sem brilho, os seus pontos de vista, nunca lhe tendo sido
colocadas questões incómodas, por uma jornalista que admiro, mas tão nervosa
e insegura, que quase não reconheci!
Não se tocou sequer na Avaliação dos Professores, tema tão caro à Ministra
mas, que, presumo, se tenha tornado assunto "tabu" da tutela.
Espanta-me, contudo, que, estando tão ansiosa por avaliar os Professores, a
Ministra não tenha, nunca, considerado crucial avaliar as Direcções
Regionais, os Conselhos Executivos e, já agora, num exercício de grandeza
moral, avaliar-se a si própria!
A tutela insiste na avaliação dos Professores, que, insensatamente,
hostilizou e desacreditou, porque sabe que eles são o elo mais fraco e mais
vulnerável do sistema!
A Ministra não avalia as Direcções Regionais porque elas são o manto sob o
qual pune a discordância e premeia a bufaria, (veja-se o aberrante e
vergonhoso caso Charrua), o biombo, atrás do qual, esconde a sua
prepotência!
A Ministra não avalia os Conselhos Executivos, porque eles são, salvo
honrosas excepções, mas esses, já há muito, se demitiram, os pressurosos
"funcionários" às suas ordens. Uns, porque concordam com esta "inconcebível"
política educativa, (vá-se lá saber porquê!); outros, pequenos tiranetes,
porque se julgam muito importantes e rejubilam com os seus pequenos poderes
e outros ainda, porque, simplesmente, não querem perder o "tacho"!
A Ministra jamais se avaliará a si própria porque sabe que, se o fizesse,
com um mínimo de imparcialidade, teria de reconhecer e assumir que não tem
saber, competência, sensibilidade e "savoir-faire" para exercer, com
mestria, tão nobre cargo! E, restar-lhe-ía, então, com honestidade e honra,
seguir um só caminho: obviamente ... demitir-se!

Sem comentários: