domingo, 26 de dezembro de 2010

Trago o Natal no fundo do olhar

Trago o Natal no fundo do olhar
Esse tempo em que a alegria
Era um lugar de crença seguro
E protector e os doces o calor
Da ternura que a casa oferecia.

Trago o Natal no fundo do olhar
Esse tempo a correr pela cidade
[Evocando o amor e a fraternidade
E esquecendo o frio e a dor]
– Agora, desumanidade e elegia.

Trago o Natal no fundo do olhar
Esse tempo que foi simplicidade
E em que eu acreditei num mar
De gestos que eram então realidade.
Hoje, o Natal é apenas utopia –

Promessa à espera da alegria
Aqui tão perto e no Mundo inteiro.
A Fome e a Guerra são no entanto
Ameaça séria e duradoura, um pranto.
Não há ouro que baste aos senhores!

Trago o Natal no fundo do olhar –

Natal, 2010
José Almeida da Silva


Nesta quadra natalícia, aqui deixo este belíssimo poema de um querido Amigo, um Poeta que admiro!
Obrigada, Zé!

1 comentário:

A desalinhada disse...

Neste poema perpassa a saudade dos doces natais da infância. Os natais da terna comunhão familiar, da alegria simples de dar, dos pequenos presentes, da ternura dos gestos!
O Natal é, hoje, desfigurado por uma aterradora onda de consumismo e esbanjamento que o afoga e por uma vaga de miséria e de desiquilíbrio social que o consome!
Nesse sentido e como diz o Poeta, o Natal, nos nossos dias, é uma utopia!