quarta-feira, 20 de maio de 2015

O segundo acto

Daqui a 50 anos, em 2065, quase todos os opositores do analfabeto Acordo Ortográfico estarão mortos. Em contrapartida, as crianças que este ano, em 2015, começaram a ser ensinadas a escrever tortograficamente, terão 55 anos ou menos. Ou seja: mandarão no país e na língua oficial portuguesa.
 
A jogada repugnante dos acordistas imperialistas ignorantes e cada vez mais desacompanhados pelas ex-colónias que tentaram recolonizar ortograficamente terá ganho tanto por manha como por estultícia.

As vítimas e os alvos dos conspiradores do AO90 não somos nós: são as criancinhas que não sabem defender-se. Deseducando-as sistematicamente, conseguirão enganá-las facilmente. A ignorância é a inocência. Pensarão, a partir deste ano, que só existe aquela maneira de escrever a língua portuguesa.
Os adversários morrerão e predominará a inestética e estúpida ortografia de quem quis unir o "mundo lusófono" através de um Esperanto lusográfico que não tem uma única vontade colectiva ou raiz comum.

Como bilingue anglo-português, incito os jovens portugueses que falam bem inglês (quase todos) a falar português com a exactidão fonética, vinda do bom latim, da língua portuguesa. Eu digo "exacto" e "correcto" como digo "pacto" e "concreto". Digo "facto" como fact, tal como "pacto" como pact.
Falar como se escreve (ou escrevia) é um acto de rebeldia. Ler todas as letras é libertador. Compreender a raiz das palavras é conhecê-las e poder tratá-las por tu.

Às armas!

Miguel Esteves Cardoso  - ( In Público)


NOTA:

É verdade que a sintaxe é muito importante! Enquanto a sintaxe se mantiver correcta, expresso, correctamente, o meu pensamento, sim!
Mas, amo as palavras! Respeito-as! Selecciono-as, junto-as e com elas conto histórias, pinto paisagens, dou cor e luz, ou dou cinza e sombra, às minhas emoções, aos meus sentimentos!
As palavras, com o tempo, e por tanto as ler e escrever, tornaram-se imprescindíveis na minha vida!
Ver essas palavras que amo, esses delicados "objectos" dos meus afectos, com alterações "físicas", que as desfeiam e modificam, causa-me uma imensa tristeza e perturbação.
É como se tivessem sofrido operações de estética que tivessem corrido mal e tivessem ficado desfiguradas.

Vou continuar a escrever como sempre escrevi e muitos farão como eu. Mas, não está certo! Na linguagem escrita, é este o caso, não pode haver livre arbítrio! Mas ninguém me obriga a escrever "espetador", ata", etc...
Estou em total desacordo com o acordo! Mas, a bem da verdade, o meu desacordo não interessa nada!! Nem o meu, nem o de muitos de nós! Manda quem pode!! Não manda quem sabe!! Infelizmente!

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