quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Catarse


Nestes dias de sangue, lama e destruição, sinto, com amargura, sinto, ter-se estreitado,  o fio do horizonte.

E, a Terra inteira, chorosa, dilacerada, em carne viva, clama por Paz, por Justiça, por Salvação.

Nestes dias de terror, de barbárie, de morte, em que a loucura voltou a sair à rua e loucos mataram em nome de um deus que desconheço e abomino, perdi-me, mais uma vez, do mistério insondável, da vastidão incomensurável, do estonteante esplendor, do Infinito. A poderosa noção de Infinito, acalento doce, nos meus tropeços, no caminho.
Preciso da grandiosidade sublime de Infinito, na patética estreiteza dos nossos dias.

Nestes dias negros, em que entro em guerra comigo mesma e com esta indignação que me consome, confesso que sinto crescer, dentro de mim, no meu pensamento, nos meus sentidos, nas minhas veias, a desconfiança, a inquietação, o medo. E, uma incontrolável revolta. E, uma desagradável intolerância, também. Uma intolerância, que sempre desprezei, mas que não domino e  desconhecia em mim.
Talvez com o tempo... se o tempo me der tempo.

MC

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A ânsia do poder

" A ânsia de poder não é originada na força, mas na fraqueza."
Erich Fromm

Na sua ânsia de poder, António Costa, virou à esquerda e quis, desesperadamente, transformar em vitória, a sua inesperada e humilhante derrota eleitoral, (afinal conseguiu tão poucochinho!), e colocou o seu destino político nas mãos, também ávidas de poder, de Catarina! E, nas mãos de Jerónimo!
Assim, a prazo, talvez curto prazo, A.C. garantirá a sua sobrevivência política, embora abrindo rupturas no seu partido. A médio prazo, além de esfrangalhar o PS e, aí é que está a grande tragédia, poderá dilacerar o país!
E, isso, nenhum Português a sério lhe perdoará!! Nunca!

O Tempo

Saramago escreveu: "... o tempo chove sobre nós, o tempo afoga-nos."

Eu, prosaicamente, digo que o tempo voa, o tempo corre. Corre, infatigável, à minha frente, como um cão desconfiado e fugidio. E eu corro, desesperadamente, atrás dele, dividida entre o medo que ele me arreganhe os dentes e me abocanhe, e o desejo vão de o alcançar e o de prender...
Mas, porque o tempo é imparável e corredio, ali, mesmo ali, naquele canto, acumulam-se as rimas que não rimei, os poemas que de...ixei por acabar, os textos, mutilados, sem um final, os livros que ainda não li, os telefonemas que não fiz, as palavras que não disse, os sonhos que, na pressa, me esqueci de sonhar...
O tempo corre solto, corre rápido e, nessa correria, a vida transforma-se, liquefaz-se no vento. O tempo transforma tudo em si mesmo, diz-nos o Poeta!
E eu vou-me perdendo no tempo, na teia que o tempo, sem piedade, tece! E que o vento, impetuoso, desfaz!
E há sempre tanto para fazer...