Sócrates transformou a abertura do ano lectivo, numa feira de vaidades, numa das mais escandalosas campanhas de propaganda política a que temos assistido!
A propósito da abertura de escolas, sujeitas a alguma remodelação, o Governo tem-se desdobrado em acções mediáticas, contando sempre com a comparência da Televisão, da Rádio e da Imprensa, no local, e com a sua prestimosa e rápida eficiência na divulgação de tantas obras grandiosas e tantas mudanças inteligentes e maravilhosas, jamais feitas na Educação!
Sócrates, o omnipresente Primeiro Ministro fixa, ousado, a câmara que o filma, discursa exuberantemente, com um meio sorriso, a voz bem colocada, o gesto certo e, nos momentos mais dramáticos ou comoventes, com a mão no peito, numa bonita atitude de sinceridade e comoção; elogia, calorosamente, um Governo, em tantas áreas, inseguro e incompetente; louva, descaradamente, a Ministra da Educação, a mais medíocre, a mais arrogante e a que mais tem contribuído para o descalabro da Escola Pública que já passou pelo M.E. mas, sobretudo, e porque esta é, afinal, uma feira de vaidades, exalta-se, convictamente, a si próprio!
A "sublime" invenção do inefável Dia do Diploma e a "solene" entrega de cheques aos melhores alunos, num ano de particular facilitismo nos exames e na avaliação, seria, simplesmente, risível e profundamente ridícula, se não fosse o retrato triste de um triste e depauperado País!
Já agora, porque não ressuscitar, nas escolas, o velhinho "Quadro de Honra", banido, como um nefando resquício fascista, na era pós 25 de Abril? Era mais bonito, muito mais discreto e um motivo de regozijo para os alunos que nele vissem figurar o seu nome e uma forte motivação para os outros.
No tempo do fascismo de Salazar, quando a avaliação era dura e rigorosa, figurei eu no Quadro de Honra, do meu estabelecimento de ensino.
Que eu me lembre, nunca lá foi nenhum político, nenhuma personalidade importante fazer discursos e acalorados elogios, nunca lá foram fotógrafos para registar o evento para a posteridade, nem jornalistas para nos imortalizarem o nome, nas páginas dos seus jornais!
E, nunca ninguém do Governo ou pessoa notável nos felicitou ou, nos entregou cheques,
nem mesmo daqueles pequeninos!
Por isso, não concordo com quem diz, como já tenho lido, que esta ânsia de mediatismo, esta febre de propaganda política, estes longos discursos de patético auto-elogio, este bacoco marketing de imagem cheiram a bafio salazarento! Nesse tempo, ninguém sabia o que era marketing de imagem, os Media eram muito limitados embora selectivos e ainda se tinha pejo de fazer auto-elogios!
Na verdade, penso que tudo a que temos assistido na feira de vaidades que um Primeiro Ministro vaidoso tem vindo a organizar, terá o feitio, o recorte e, quiçá, o cheiro do egocentrismo, do exibicionismo e da prepotência de um certo senhor de bigode, eleito democraticamente mas que, perante a passividade bovina de um povo, deixou um País de rastos e coberto de vergonha!
MC
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