Vestimos a pele de jornalistas e, em vinte minutos, foi-nos feito, na sessão do dia 22 de Abril, o desafio de inventar as perguntas que fariamos ao nosso insigne entrevistado, Dr. Mário Cláudio, assim como as suas respostas.
Vestida de jornalista e de Mário Cláudio, aqui fica a entrevista possível:
Jorn. - Quero agradecer-lhe o facto de me ter concedido esta entrevista, Dr. Mário Cláudio.
M.C. - Sim? Não sei porquê!
Jorn. - Não...?
M.C. - Não! Sabe, eu falo pouco e, sobretudo, não gosto de falar de mim. E isso é muito mau, para si, enquanto entrevistadora!
Jorn. - Se sabia que era mau para mim, porque acedeu a que o entrevistasse? Porque não recusou?
M.C. - Porque pediu com tanta insistência que eu já não sabia como escusar-me e, se calhar, porque sou um bocadinho mau...
Jorn. - E agrada-lhe ser mau?
M.C. - Às vezes, até me agrada mesmo muito, ser mauzinho e observar uma reacção como a sua, neste momento: confesse que está desconcertada e... zangada! Bem, vamos lá à primeira pergunta.
Jorn. - Quando percebeu que a escrita era o seu destino?
M.C. - Não sei. Acho que escrevo, desde que me conheço. Desde sempre, mesmo quando não tenho papel e lápis comigo, tenho a escrita, na minha cabeça.
Observo a vida que passa por mim e a escrita nasce. Não dissocio a vida da escrita.
Jorn. - Gosta assim tanto de escrever? Porquê?
M.C. - Porque gosto das palavras. Gosto de as escolher, de as misturar, de as escutar, de esgrimir com elas ou, de as rejeitar. Às vezes, as palavras amam-me, outras odeiam-me!
Nos dias felizes, elas falam comigo, confiam-me segredos, cantam e riem para mim. Mas,nos dias cinzentos, são caprichosas, sabe? São difíceis e mimadas as palavras! Por isso, nesses dias maus, zangam-se comigo, fazem birra e recusam-se, teimosas, a saltar, bonitas e delicadas, para o papel em branco!
Jorn. - E, o que faz, então?
M.C. - Olhe, aprendi a esperar que apareçam e voltem a brilhar. Depois, perdoo-lhes os caprichos e mimo-as. Elas sabem que são parte essencial do meu mundo mas também sabem que, sem mim, sem a minha capacidade de as alinhar e conferir sentido e emoção, não teriam vida! A vida das minhas palavras é-lhes dada por mim. E, então, de repente, elas voltam, choram e riem comigo, no papel.
As palavras, minha querida, são como as mulheres, zangam-se, amuam para, depois, se deixarem amar, perdoar e mimar!
Jorn. - E, o Sr. Doutor, escreve só porque gosta?
M.C. - Escrevo, essencialmente, porque a escrita me dá um imenso prazer mas, também porque gosto que me leiam, me entendam e me apreciem! Se não gostarem, quero que me critiquem construtivamente!
Jorn. - O que sente, quando acaba um livro e o entrega à Editora?
M.C. - Sinto que estou a entregar um filho que pari com muito sacrifício, com muito suor e muitas lágrimas, um filho que tem muito de mim, que é parte de mim e leva consigo, muito de mim mas, do qual, nesse momento, me desligo. Completamente!
Jorn. - É um escritor muito premiado, no nosso País e no estrangeiro. Gosta de ganhar prémios?
M.C. - Adoro...!
Nota - A apreciação do Escritor quando li esta entrevista inventada, que lhe fiz, foi: " Leva-me muito a sério!"
MC
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