Lembro-me dela, um vulto sem rosto, fixo na minha memória, meio-soerguida na cama, junto à janela, com os braços magros, estendidos, na ânsia de um abraço.
E, à porta do quarto, uma mulher apertava, nos braços fortes, dominadores, uma criança que gritava, chorava e esbracejava, na tentativa vã de se aninhar, pequenina, na ternura doce daqueles braços esguios e febris.
O vulto sem rosto era a minha mãe, a criança, que chorava, era eu.
E, foi a visão dessa criança chorosa, aflita, subjugada e sedenta de afagos e de beijos, que a minha Mãe, os braços estendidos para mim , vazios de mim, levou consigo!
Tive, sempre, saudades da Mãe que mal conheci mas, também tive, sempre, saudades daquele pedaço de mim que foi, juntamente com ela, brutalmente arrancado dela e... arrancado de mim! Para sempre!
Nota: - Este texto foi escrito, em vinte minutos, na sessão do dia 29 de Abril.
MC
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