Tinha-a visto hoje! Pela segunda vez, em onze anos, tinha-a visto, esta manhã!
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Ela não o vira. Melhor assim! O coração dele disparara, num turbilhão de doidas emoções, como se uma rajada de vento o tivesse atingido brutalmente e as mãos, trémulas e suadas, atrapalharam-se ao volante.
Tinha viajado muito mas, para onde quer que as suas atribulações o tivessem arrastado, ela estivera lá, a seu lado e, por isso, nunca se sentira, totalmente sozinho. Porque, como alguém escreveu, “se a imagem do ser amado continuar viva no nosso coração, o mundo inteiro é a nossa casa.”
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Ele casou no Verão. No início desse ano... mandou-lhe entregar, duas dúzias de rosas chá!
Sem cartão! Não era preciso... Ela sabia!
Um mês depois, no dia dos Namorados, um dia que, afinal, não era deles, mandou-lhe, também e ainda assim, um ramo de rosas vermelhas!
Sem cartão! Não era preciso... Ela sabia!
Ele nunca lhe falou das rosas. Ela nunca lhas agradeceu!
Não era preciso... Eles sabiam!
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Separaram-se e, em onze anos, esta era a segunda vez que a via! Tentou respirar fundo, para aliviar a opressão que parecia esmagar-lhe o peito!
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E, compreendeu, que o seu amor por ela, continuava vivo e infatigável, sempre renascido, como um braseiro que se reacende, vibrante, com uma rajada de vento!
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Então, como a árvore que, sempre que chove, chora, também ele, porque a vira tão perto e a soube tão longe, chorou!
MC
1 comentário:
Gosto MUITO deste texto...apesar de
não ser muito longo, tem uma estrutura e linguagem particularmente adequada ao tema...!conseguimos sentir a inquietação do personagem! Muito bom!
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