quinta-feira, 31 de março de 2011

Pedaços de uma paixão

Tinha-a visto hoje! Pela segunda vez, em onze anos, tinha-a visto, esta manhã!

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Ela não o vira. Melhor assim! O coração dele disparara, num turbilhão de doidas emoções, como se uma rajada de vento o tivesse atingido brutalmente e as mãos, trémulas e suadas, atrapalharam-se ao volante.

Tinha viajado muito mas, para onde quer que as suas atribulações o tivessem arrastado, ela estivera lá, a seu lado e, por isso, nunca se sentira, totalmente sozinho. Porque, como alguém escreveu, “se a imagem do ser amado continuar viva no nosso coração, o mundo inteiro é a nossa casa.”

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Ele casou no Verão. No início desse ano... mandou-lhe entregar, duas dúzias de rosas chá!
Sem cartão! Não era preciso... Ela sabia!
Um mês depois, no dia dos Namorados, um dia que, afinal, não era deles, mandou-lhe, também e ainda assim, um ramo de rosas vermelhas!
Sem cartão! Não era preciso... Ela sabia!
Ele nunca lhe falou das rosas. Ela nunca lhas agradeceu!
Não era preciso... Eles sabiam!

...

Separaram-se e, em onze anos, esta era a segunda vez que a via! Tentou respirar fundo, para aliviar a opressão que parecia esmagar-lhe o peito!

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E, compreendeu, que o seu amor por ela, continuava vivo e infatigável, sempre renascido, como um braseiro que se reacende, vibrante, com uma rajada de vento!

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Então, como a árvore que, sempre que chove, chora, também ele, porque a vira tão perto e a soube tão longe, chorou!

MC

1 comentário:

SC disse...

Gosto MUITO deste texto...apesar de
não ser muito longo, tem uma estrutura e linguagem particularmente adequada ao tema...!conseguimos sentir a inquietação do personagem! Muito bom!