terça-feira, 25 de março de 2008

A Escola, a Violência e o Fim!

O que se passou na Carolina Michaëlis, uma das mais conhecidas Escolas do País,e a que todos pudemos assistir, incomodados e aflitos, na televisão, foi uma situação de pungente terror, sórdida e aberrante !
Vimos, com horror, uma aluna(?), completamente transtornada, a esbracejar e aos gritos, agredir, fisicamente e verbalmente, a professora de Francês, por esta lhe ter tirado o telemóvel, que a rapariga usava, descaradamente, em plena aula.
A professora, pequena , frágil e já sexagenária , vendo aquele completo descontrolo e sentindo a sua integridade física ameaçada, ainda tentou alcançar a porta, em busca de socorro, o que a aluna, grande, pesada e possante, impediu, agarrando-a, puxando-a e arrastando-a pela sala, perante o gáudio de uma turma de jovens boçais e malévolos, que alarvemente, assistiam ao tristíssimo espectáculo e, estupidamente, incitavam a colega, enquanto um imbecil filmava, no cúmulo da excitação, o que se passava.

Pela sua ferocidade, a cena fez-me lembrar, nesse momento de terror e de estupefacção, a barbárie nas arenas romanas, onde cristãos inocentes eram lançados aos leões que os despedaçavam e devoravam, perante o riso grosseiro, os aplausos gratuitos, os gritos estridentes e a excitação quase orgásmica, de uma turba enlouquecida !

Foi terrífico o que se viu e, é,indescritivelmente degradante, o ponto a que a Escola Pública chegou e para o qual esta inqualificável Ministra da Educação tanto, mas tanto, tem contribuído com a sua patética política de azedume e rancor para com os professores e de facilitismo e total apoio aos "frágeis e melancólicos" alunos que infestam as escolas!
Este não é, desgraçadamente, um caso pontual, como a Ministra e o Governo querem fazer crer! Há que pegar o "touro" pelos cornos e assumir, claramente, que, todos os dias, professores são agredidos, fisicamente, verbalmente, com gestos e atitudes de desprezível baixeza!
Basta dizer que, em 180 dias de aulas, foram registadas 185 agressões a professores, por esse país fora, sem contar com aquelas que, por medo e por vergonha, os agredidos e injuriados, escondem, num recanto triste e bem escuro da alma.
Este caso que tanto nos indignou, tornou-se conhecido, porque, felizmente, alarve, ali presente, filmou, cheio de gozo, a cena nojenta, que uma aluna histérica protagonizou, e, com mais gozo ainda, tornou-a pública, na Net.

Gostaria muito de saber porque é que a Ministra se preocupa tanto com a avaliação rigorosa, até ao mínimo pormenor, dos professores, e , nunca pensou em se avaliar, honestamente, imparcialmente, a si própria; gostaria muito de saber poque é que a Ministra anseia, desesperadamente, que os professores sejam avaliados severamente e nunca pensou em avaliar as Direcções Regionais, os Conselhos Executivos e, já agora, as Associações de Pais !

A Ministra, só insiste na avaliação dos professores, mesmo feita de qualquer maneira, porque sabe que eles são o elo mais fraco e tinham sido, desde sempre, tratados pela tutela, de acordo com o seu estatuto, com gentileza, consideração e respeito e não com a arrogância e a rudeza que lhe são peculiares e de que parece fazer gala!
E, os professores, principais agentes do Ensino e sem os quais, NADA, se pode fazer na Educação, viram-se,de repente, totalmente desautorizados,insultuosamemte marginalizados e descredibilizados por uma Ministra irresponsável!

A Ministra não se avalia a si própria, porque se o fizesse, com um mínimo de imparcialidade, teria de assumir que não tem competência, sensibilidade e saber para exercer, com honra, tão nobre cargo !

A Ministra não avalia as Direcções Regionais porque elas são o manto sob o qual premeia a bufaria e pune a discordância, o biombo atrás do qual esconde a sua prepotência!

A Ministra não avalia os Conselhos Executivos, geralmente, tão incapazes como ela,
porque eles são, na sua maioria, os seus pressurosos criados às suas ordens! Uns, porque concordam com esta política,(vá-se lá saber porquê!), outros, pequenos tiranetes, porque se sentem importantes e poderosos no cargo e outros, porque, simplesmente, não querem perder o "tacho"!

A Ministra tem conduzido a Escola Pública ou o que restava dela, para o caos mais completo e para o seu total descrédito e onde a palavra Ensinar já nem aparece, perdeu o sentido e a razão de ser!
O Estatuto do Aluno é uma vergonhosa resenha de facilitismo néscio, uma floresta de enganos para aqueles Pais que querem que os filhos aprendam e, realmente, se preparem para singrar num mundo difícil, cada vez mais competitivo e que não se compadece com a fraqueza de espírito e a ignorância !
É certo que para muitos, mas mesmo muitos pais, quanto mais fácil melhor, até porque esses já há muito se têm vindo a demitir da sua missão de pais, de formadores, de educadores dos filhos, com a desculpa esfarrapada de falta de tempo!

A crua verdade é que aluno que agora se matricule, sabe que, à luz da política de Ensino da "iluminada" Ministra, tem a passagem de ano assegurada: as faltas não contam, por isso, não é preciso ir às aulas pois a sua progressão é, por assim dizer, automática, na medida em que, há sempre o recurso a sucessivas provas de recuperação.
E, se nem assim o aluno não conseguir completar a escolaridade obrigatória, tem sempre, à mão, o recurso às Novas Oportunidades onde,na Junta de Freguesia, por exemplo, obtém facilmente e sem se cansar, o diploma do 12ºAno, em um ou dois meses !
Estar na sala de aula é, pois, para os alunos uma grande estopada a não ser que possam brincar, rir e "gozar à brava" e os professores, uns líricos, que ainda se dispõem a perder anos de vida, e a destruír a saúde para tentarem cumprir a missão, agora impossível, que sempre julgaram ser a sua: ENSINAR ! Mas, com as tais Novas Oportunidades, talvez não seja já prioritário APRENDER!

"Era o que faltava"- disse a inacreditável Ministra - "que os resultados dos alunos não contassem para a avaliação dos docentes !"
Pois é, com a massa crítica, no geral, pobrezinha que se tem e alunos da laia dos que vimos na televisão e são, infelizmente, a maioria e, a quem, uma ministra irresponsável ensinou a não OUVIR E RESPEITAR os professores, na medida em que, ela própria nunca os OUVIU, nem nunca os RESPEITOU, não é, definitivamente, possível Ensinar!
Dão-se notas, de preferência boas notas, para um lindo sucesso escolar ! E, para as estatísticas serem um êxito! Um enorme êxito na União Europeia!

Gostaria muito de saber que punição vai ter esta agressora imprevisível e perigosa que, por acaso e por azar, é aluna numa escola!

Gostaria muito de saber como vai a Ministra ou quem a representa, avaliar esta professora destratada, humilhada, arrastada pela sala de aula, perante os outros alunos e perante um país inteiro, estarrecido e mudo de espanto e revolta !

Gostaria muito de saber se os Pais da aluna vão ser confrontados com a péssima educação que deram à filha e se é assim, aos berros e empurrões, que o monstrozinho, que criaram, os trata, em casa!

Gostaria muito de saber como é possível a Ministra não ter vergonha de fazer de conta que nada se passou, desvalorizando tudo o que de grave, muito grave, vem acontecendo na Escola, tendo, a despropósito, feito mesmo uma comparação, sem nexo, entre a aplicação do Estatuto do Aluno, na escola, e os acidentes de viação e a aplicação do Código da Estrada!

Gostaria muito de saber o que é que esta Ministra pensa que pode ainda fazer sem os docentes que ela, definitivamente, perdeu porque, gélida, arrogante e rude, sempre os desautorizou, desmotivou e cuja voz não ouve, nem nunca ouviu!

Gostaria muito de saber como é que, ao fim de três anos, esta Ministra ainda não percebeu que, na Escola, os professores têm de ter autoridade, têm de existir regras de convivência bem definidas, a disciplina e o respeito são essenciais e é crucial uma liderança competente, imparcial, determinada mas humana e não lideranças incapazes de manter a ordem, entretidas com imbecis joguinhos de favorecimento e lobbies de amigalhaços e de oportunistas!

Gostaria muito de saber como é que esta Ministra ainda não percebeu que é, por inerência do cargo, a responsável máxima por tudo o que tem acontecido de deplorável na Educação e que já é tempo, há muito tempo, de se ir embora!

Gostaria muito de saber como é que a senhora ainda não se capacitou, ainda não compreendeu que chegou, decididamente, ao FIM! Se não soube ser Ministra com elegância e honra, que saia, ao menos, com um pouco de dignidade!

Gostaria muito de saber como é que o Primeiro Ministro, tão convencido e autoritário, mantém, num lugar chave do Governo, esta Ministra, cuja política educativa e postura, só o descredibiliza e ridiculariza perante um País assombrado!

Gostaria muito de saber quando é que Sócrates despe as roupinhas que usa para fazer jogging, veste-se, a rigor, de Primeiro Ministro e assume a responsabilidade de demitir uma Ministra,indiscutivelmente, acabada!

"É a hora!"


M.C.

3 comentários:

SC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
SC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
SC disse...

Lamentavelmente, o que se passou na escola secundária Carolina Michaëlis é bastante comum nas escolas e universidades portuguesas. O que não é de estranhar face à forma como os professores e o ensino têm sido tratados, ao longo dos últimos anos.
A educação, alegada paixão de um outro incompetente que nos deixou atolados num lamaçal fétido, onde ainda hoje esperneamos, tem sido sacrificada e reduzida à rigidez fria dos números. O que interessa é apresentar em Bruxelas números elevados de sucesso escolar e formar muitos “ doutores e engenheiros”, sendo manifestamente irrelevante a imbecilidade e a boçalidade destes recém-licenciados que nem sequer uma simples noticia de jornal conseguem perceber.
Tal, todavia, não me tira o sono, porque sei que esta massa de ignorantes e preguiçosos, numa Europa globalizada, rapidamente será esmagada pela competência dos alunos oriundos de países na Europa onde se ensina a estudar, a investigar, a falar idiomas estrangeiros, em suma onde a educação é o motor do desenvolvimento. Estes Mestres de Bolonha que, indiscriminadamente, estamos a produzir são facilmente desmascarados numa pequena e breve entrevista pessoal. Salvo poucas e honrosas excepções...
Mas a ministra da (des)educação, também muito ignorante e tacanha, prossegue, impassível, a sua política da estatística e dos bons resultados. Às vezes, pergunto-me se não seria mais simples e barato para todos dar o canudo aos meninos aquando do registo on line do respectivo nascimento. Ninguém, muito menos esta senhora ministra da (des)educação, ficaria chocado por o médico, o arquitecto ou farmacêutico nem sequer saber ler, já que na Europa a nossa taxa de 101% de licenciados seria imbatível!
Mas, por outro lado, por que me espanta a leviandade deste governo e da ministra na condução do tema da Educação quando o senhor José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, oferece o exemplo de uma licenciatura duvidosa, com exames feitos no conforto do gabinete e notas lançadas ao Domingo?
O evento da escola Carolina Michaëlis e de outras tantas escolas por esse país fora são o espelho desta política absurda e cega, que tirou a autoridade aos professores e os relegou a meras amas - secas de uns energúmenos que nem os próprios pais querem ter dentro de casa...
No entanto, apesar de esta política do facilitismo e do regabofe não ser apenas imputável à actual ministra da (des)educação, pois, já vem de muito longe, é indesmentivel que a atitude arrogante, mesquinha e vexatatória assumida pela ministra, relativamente aos professores, os descredibilizou, de forma irreversível, aos olhos dos alunos, dos pais e da ignara e néscia opinião pública. Pois é, senhor ministra da (des)educaçao, a forma como aquela aluna boçal, indisciplinada, grosseira e mal –educada, tratou a professora de Francês é o evidente reflexo da forma grotesca, perversa e reles com que o ministério da (des)educaçao, o governo e opinião pública em geral encaram os professores. Bobos da corte, objecto de escárnio e de chacota, porque são uns preguiçosos e malandros que não querem trabalhar..
Essa responsabilidade, senhora ministra, é inteiramente sua e ser-lhe-á um dia inexoravelmente assacada... E, perdoe-me a autora/o autor do post que comento, não é a hora...porque já é tarde!