quinta-feira, 11 de junho de 2009

" Endimião " - Keats

No poema "Endimião" de Keats, podemos ter uma ideia do sofrimento dos homens transformados em animais, pela feiticeira Circe.
Os versos, abaixo, terão sido ditos por um rei transformado, pela deusa, em elefante:

"Não lamento a perda da coroa que perdi
A falange que outrora comandei
E a esposa ou viúva que deixei.
Não lamento saudoso, minha vida
Filhos e filhas, na mansão querida.
Tudo isso esqueci, as alegrias
Terrenas dos velhos dias olvidei
Outro desejo vem muito mais forte.
Só aspiro, só peço a própria morte
Livrai-me deste corpo abominável
Libertai-me da vida miserável
Piedade Circe! Morrer tão somente!
Sede, deusa gentil, sede clemente!"


Circe, figura lendária da mitologia grega, é retratada como filha de Hélio, deus-sol e da ninfa Pérsia.
Por ter envenenado o marido, o rei dos Sámartas, foi obrigada a exilar-se na ilha de Ea, no litoral oeste de Itália.
De Circe, emanava uma luz ténue e fúnebre. Essa luz identifica Circe como a " Deusa da Morte". Ela era também associada aos voos mortais dos falcões, pois, como eles, ela circundava as suas vítimas para depois as enfeitiçar.
O grito do falcão "circ-circ" é considerado a canção mágica de Circe que controla, tanto a criação, como a dissolução.
Circe era considerada a deusa da Lua Nova, (a Lua Negra), do amor físico, da feitiçaria, dos encantamentos, dos sonhos precognitivos, das maldições, das vinganças, da magia negra, da bruxaria, dos caldeirões.

Ulisses e os seus homens estiveram "prisioneiros" na ilha de Circe cinco anos de boa vida. Apesar de tudo, as saudades de Ítaca, de Penélope e de Telémaco eram imensas, falaram mais alto e Circe compreendeu que Ulisses, triste e saudoso, tinha de voltar ao seu lar.

Quando Ulisses iniciou a viagem de regresso a casa, Circe aconselhou-o a cobrir com cera, os ouvidos dos seus marinheiros, para que não ouvissem o canto sedutor das sereias, ninfas marinhas, com o poder de os enfeitiçar e de os fazer sentir, irresistivelmente impelidos, a atirarem-se ao mar, onde morreriam afogados.
Circe aconselhou Ulisses a amarrar-se, a si mesmo, ao mastro do navio, para não ser, ele também, vítima desse canto enfeitiçado e enlouquecedor!

( Algumas notas, ainda a propósito do livro "Imagens" de Ana Luísa Amaral).

Sem comentários: