terça-feira, 7 de julho de 2009

Lamentavelmente!

Em Portugal, os artistas, os escritores, os agentes de cultura não são, no geral, valorizados, nem acarinhados, pelo poder político!
A cultura passa-lhes de tal forma ao lado, que o Ministro da Cultura é, normalmente, quase invisível!
Lamentavelmente!

Na abertura, em Lanzarote, de uma exposição sobre José Saramago, o nosso primeiro e único Prémio Nobel de Literatura, foram muitas as personalidades espanholas, presentes nessa homenagem, enquanto a ministra da Cultura, de então, Isabel Pires de Lima, primou, vergonhosamente, pela ausência! Como, aliás, já fizera, na homenagem a Miguel Torga, esse escritor e poeta português, de primeira água!
Desiludido com Portugal, mal amado e destratado, José Saramago radicou-se em Lanzarote, onde os espanhóis, honrados com a sua permanência no país, o consideram, com orgulho, como mais um dos seus!
Lamentavelmente!

Agora é Maria João Pires que, zangada, farta de levar “coices e pontapés de Portugal”, e cansada da indiferença e falta de apoio ao seu bonito e generoso projecto de Belgais, por parte de um poder político que lhe tem vindo, paulatinamente, a arrestar os bens, renuncia à nacionalidade portuguesa!
Maria João Pires, que o Brasil vai acolher como filha, é uma pianista magistral, talvez a nossa maior pianista de sempre, internacionalmente reconhecida e, calorosamente ovacionada, em todo o mundo!
A partir de agora, continuará a ser a espantosa pianista de raro talento e delicada sensibilidade que é, mas... de nacionalidade brasileira!
Lamentavelmente!

MC

Nota: Maria João Pires não renuncia à nacionalidade portuguesa! Decidiu-se pela dupla nacionalidade: portuguesa e brasileira! Fez bem! Não vira, totalmente, as costas a uns e agrada a outros...

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